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blog Dr. Victor Romero

Cicatrizes de acne: como se formam, quais os tipos de marcas e quais são os principais procedimentos para tratá-las.

A acne já é um grande incômodo quando surge no período da adolescência, mas o problema se torna ainda mais preocupante quando ela ou suas consequências se estendem para a vida adulta. Além de afetar a aparência, impactando diretamente na autoestima, ainda pode deixar marcas que vão das mais superficiais até as mais profundas, caso os devidos cuidados não tenham sido tomados.

A boa notícia é que para cada cicatriz existe um tratamento apropriado que pode te devolver uma pele mais lisa e uniforme. Pensando nisso, separamos esse post para te mostrar como dar um fim nesses incômodos. Acompanhe.

O que são cicatrizes de acne e como elas se formam?

A acne, popularmente conhecida como presença de ”espinhas”, ocorre quando os folículos capilares são obstruídos pela oleosidade da pele, células mortas e a queratina presente, principalmente, onde as glândulas sebáceas são mais ativas, como a face, tórax e dorso (costas). Ela se caracteriza normalmente pelo processo inflamatório das glândulas sebáceas e dos folículos, e tem participação determinante dos hormônios sexuais, razão pela qual são mais comuns na adolescência, embora também acometa de forma comum algumas mulheres adultas.

Dessa forma, existem lesões não inflamadas (cravos) e inflamadas, pápulas (lesões sólidas arredondadas, endurecidas e avermelhadas); pústulas (lesões com pus); nódulos (lesões caracterizadas pela inflamação, que se expandem por camadas mais profundas da pele e podem levar à destruição de tecidos, causando cicatrizes) e cistos (maiores que as pústulas, inflamados, expandem-se por camadas mais profundas da pele, podem ser muito dolorosos e deixar cicatrizes).

Qualquer lesão inflamada pode gerar cicatrizes, embora sejam mais comuns em casos nodulares, císticos – a depender da pele de cada indivíduo – com a manipulação das espinhas.

Graus de acne que podem causar cicatriz.

De acordo com o tipo de lesão que se forma, podemos classificar a acne em 4 tipos ou graus:

Grau I – apenas comedões

Grau II – pápulas

Grau III – pústulas

Grau IV – nódulos e cistos

Cicatrizes são muito mais comuns nos graus III e IV, embora também possa se formar no grau II. Em qualquer tipo ocorre mais quando há o hábito de “estourar” as espinhas. Esse gesto, ao contrário do que se pensa, não dá um fim à lesão, mas acaba piorando o caso, causando a piora do quadro inflamatório e evitando que a ferida se regenere corretamente.

Conheça os tipos de cicatrizes de acne.

As cicatrizes de acne são divididas em 3 tipos principais: as elevadas, as distróficas e as rebaixadas. Esses três grupos possuem subdivisões que resultam em 11 tipos de cicatrizes de acne.

Cicatrizes elevadas

As cicatrizes elevadas possuem 4 tipos: hipertróficas, queloidiana, papulosa e ponte. Sim, as cicatrizes de acne nem sempre são “buracos” como todo mundo pensa. Resumidamente, as hipertróficas ficam acima da superfície cutânea se limitando a área da lesão original, as queloidianas estão presentes em pessoas com propensão genética e extrapolam as margens da lesão, as papulosas são lesões elevadas com aspecto papuloso e as pontes são cordões fibrosos sobre a pele normal.

Cicatrizes distróficas

São cicatrizes de limites irregulares, às vezes com forma estrelada, fundo branco e atrófico. Podem apresentar nódulos fibróticos com retenção de material sebáceo e purulento.

Cicatrizes rebaixadas

As cicatrizes rebaixadas, também chamadas de deprimidas ou atróficas, são depressões na pele onde há as cicatrizes. Se dividem em dois tipos: distensíveis e não distensíveis. Nas distensíveis se observa intensa melhora com seu quase desaparecimento quando se estica a pele e nas não distensíveis, essa melhora não é observada. Por sua vez, as cicatrizes distensíveis podem ser retráteis (quando distendidas, têm moderada fibrose) ou não retráteis (sem fibrose).

As distensíveis são divididas em vales e retrações. As do tipo vales quando tracionadas somem completamente. Já as retrações, caraterizam-se pela aderência da porção central do assoalho da cicatriz quando se distende a pele. Essas se dividem em superficiais, médias (box scar) e profundas.

As superficiais são cicatrizes rasas e que respondem muito bem a tratamentos, as médias ou crateriformes, se apresentam alargadas e com base normal ou hipocrômicas. As profundas fibroticas ou Ice Picks, são cicatrizes estreitas, rígidas e profundas que atravessam toda derme e atingem o tecido subcutâneo. São as mais complexas para serem tratadas.

Tratamentos para cada tipo de marca de acne

De forma geral, para cicatrizes elevadas os tratamentos variam de lasers ablativos (como o CO2 fracionado) a criocirurgia (aplicação de nitrogênio liquido), passando por infiltração com corticóides ou até mesmo cirurgias. Em casos de queloides pode ser necessária também a aplicação de radioterapia imediatamente após a cirurgia o que diminue a possibilidade de retorno da lesão. Já as cicatrizes deprimidas tem o tratamento a depender da profundidade e tipo das lesões. 

As superficiais respondem bem a tratamentos, dentre eles podemos citar peeling químicos, laser ablativos fracionados e não-fracionados, luz intensa pulsada, radiofrequencia, microagulhamento associado ou não a estimuladores de colágeno. A escolha depende de outras características da pele, como grau de oleosidade, grau de envelhecimento, cor e idade do paciente.

As de profundidade média podem ser indicados a subcisão (levantamento da pele com agulha) muito efetivo para as distensíveis do tipo retrações; peeling médio com abrasão mecânica ou com aparelhos de laser (como os já citados anteriormente); radiofrequência (com ou sem associação de princípios físicos entre os aparelhos); técnica de CROSS (colocação de ácido super forte para renovar a pele, que causa inflamação e estimula a formação de colágeno para levantar a cicatriz) e complementação com preenchedores.

As distensíveis não retrateis, respondem muito bem a preenchimento com acido hialurônico.

As profundas, tem tratamento mais complexo, podendo, inclusive fazer uma combinação de 2 ou mais tratamentos com resposta variável e possibilidade de melhora parcial.

O paciente possui, em sua maioria, mais de um tipo de cicatriz, às vezes até na mesma área, tornando o processo ainda mais variável. Vale salientar que o melhor tratamento para cicatrizes é detectar precocemente se a acne está começando a evoluir para deixar essas marcas, mesmo que muito superficiais, e tratar a acne antes da formação das marcas!

É possível corrigir totalmente as lesões?

Depende muito do caso. Há melhora substancial de alguns casos e outros que não respondem tão bem. O resultado varia de acordo com a idade, tipo de pele e severidade das lesões. De uma forma genérica, gostamos mais do termo “melhora” do que “correção”. O termo ilustra melhor sobre o que se busca ao iniciar esse tipo de tratamento,

Sempre esclarecendo ao paciente que o resultado é individual e que o tratamento faz parte de uma construção que leva tempo e depende de outros fatores associados ou não à própria acne em si.

Conclusão

Com a leitura e desenvolvimento do texto, pode-se perceber que cicatriz de acne não é um assunto tão simples e seus tratamentos são variados, complexos e os resultados são individuais.

A escolha do tratamento adequado passa por avaliação criteriosa de todas as características da pele do paciente, como também do tipo de cicatriz, que pode inclusive ser mais de um tipo no mesmo paciente.

Só um profissional capaz e adequado para, junto com o paciente, escolher o tratamento ou a combinação de tratamentos mais eficaz para cada caso, considerando todas as informações que possam influenciar no resultado. Tenha em mente que o melhor tratamento continua sendo a prevenção! Por isso, é tão importante o acompanhamento regular com o dermatologista.

Fique à vontade para agendar a sua consulta e até o próximo artigo.

Dr. Victor Romero.